Estase

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
Ir para navegação Ir para pesquisar

Estagnação no organismo de líquidos ou substâncias pastosas (urina limpa, sangue, fezes, etc).
___ linfática, manifestação clínica, modo de instalar, local do Sinal ou Sintoma subclávio, encontrados no exame físico, para o Diagnóstico de Linfopatias e sua Classificação quanto ao grau de Estase.
Classificação: a Estase linfática pode ser classificada em cinco tipos que agrupam as principais características clínicas das diferentes fases do Edema. O Tipo I corresponde à Estase linfática aguda, cujo quadro clínico, em linhas gerais, se caracteriza por instalação rápida do edema, acompanhada de Febre e dor localizada, acometendo, no mais das vezes, um dos membros inferiores. Os demais tipos constituem as diferentes formas de Estase linfática crônica. O Tipo II é a Forma da Estase linfática compensada e caracteriza-se por Edema discreto, vespertino, relacionado com Temperatura Ambiente elevada ou situações em que o Paciente permanece maior tempo de pé ou sentado. Pode passar sem manifestação alguma durante longos períodos. O Edema diário vespertino mesmo em situações de atividade habitual, desaparece com o simples Repouso e caracteriza o Tipo III, ou seja, a Estase linfática incipiente. Já o Tipo IV, Estase linfática crônica rebelde, manifesta-se por Edema mais acentuado que exige medidas terapêuticas para sua redução, não bastando o Repouso somente. O Edema não redutível mesmo com medidas terapêuticas, acompanhado de maior ou menor grau de Alterações tróficas da Pele e Deformidade do Membro afetado, enquadra-se no Tipo V, isto é, a Estase linfática crônica grave. Deve-se salientar que a Doença pode ser classificada em tipos progressivos conforme sua evolução. A Estase linfática aguda pode evoluir ou para a Cura completa, ou deixar Seqüela. Conforme o grau de alteração do Sistema linfático, a Seqüela pode fazer com que se classifique a Estase linfática crônica decorrente em qualquer dos seus tipos. Mais freqüentemente, entretanto, se enquadra nos tipos II ou III. Recidivas levam a uma piora do quadro, fazendo com que seja classificada em tipos subseqüentes. A etapa inicial, no Diagnóstico da Estase linfática, consiste na diferenciação entre o quadro Agudo e Crônico. A primeira eventualidade traduzse por História de Edema de extremidade de curta duração, horas ou dias, sempre acompanhada de febre, Calor e rubor, caracterizando Processo infeccioso. A febre, não muito elevada, raramente ultrapassando os 37,5°C, e com Edema doloroso à compressão, Calor e Rubor restritos à região delimitada, em geral de um dos membros inferiores e enfartamento ganglionar satélite, caracterizam a linfangite, Estase linfática aguda, Tipo I, cuja semiótica radiológica demonstra uma diminuição do número de coletores opacificados devido à Obstrução dos vasos, ocasionada pelo Processo infeccioso. Em geral, a porta de entrada da Infecção é localizada em pequenos ferimentos ou processos micóticos do pé. Por outro lado, a História de instalação aguda do processo, com Febre mais elevada e edema, abrangendo grande extensão da perna, com aspecto vinhoso ou cianótico, constituindo-se num quadro mais dramático que o descrito anteriormente, levando, inclusive, a certo grau de prostração do doente, caracteriza a Erisipela. Do mesmo modo, o exame linfográfico demonstra Obstrução canalicular, caracterizando o grupo I das linfografias. O referido Tipo de Estase linfática aguda, Erisipela igualmente do Tipo I, diferencia-se, do ponto de vista etiológico, das linfangites, sendo causado pelo Estreptococo. Quanto aos quadros crônicos da Estase linfática, suas manifestações clínicas mais importantes dizem respeito aos vários graus de edema, podendo manifestar-se ocasionalmente, nas épocas de Calor mais acentuado, que desaparece com o simples Repouso sem exigir medidas terapêuticas para sua resolução e, até, não ser redutível, mesmo com qualquer medida habitual. A época de instalação destes diferentes tipos pode ser no Adulto ou Recém-nascido; no Caso da Estase linfática grau V, em qualquer idade, subseqüente à História de Estase linfática aguda ou Antecedentes infecciosos, cirúrgicos ou traumáticos, ou ainda, neoplásicos. A localização, quando no jovem ou recém-nascido, sem História pregressa, pode ser no Membro inferior, Membro superior e face, concomitantemente ou não, sendo sempre mais freqüente no Sexo feminino. Nos casos em que há História de Estase linfática aguda, mais freqüentemente está localizada nos membros inferiores. Nos casos em que há Antecedentes traumáticos, cirúrgicos e outros, localiza-se no Membro ou região correspondente. O principal dado de exame físico é o edema, frio e indolor. É discreto e depressível, na Estase rebelde (tipo IV) e não depressível e com Alterações tróficas da pele, na Estase linfática grave (tipo V). As formas clínicas da Estase linfática crônica de Tipo II, III e IV podem ser o Linfedema precoce, Seqüela da Estase linfática aguda, ou o Linfedema secundário. No Caso da Estase linfática crônica grave, Tipo V, as formas clínicas constituem o Linfedema Congênito e a Elefantíase. Esta, Seqüela de surtos repetidos de Estase linfática aguda, constitui a Forma mais grave, para a qual podem evoluir quaisquer dos tipos de Estase precedentes.
Correção clínico-radiológica: o confronto do quadro clínico com o radiológico, em cada uma das situações da Estase linfática, possibilita boa compreensão da problemática. (Ver: Edema linfático)
___ venosa, F. gr. stásis, detenção.
Diminuição da velocidade do Sangue venoso.
Ocorre de maneira aguda em decorrência da Oclusão súbita de uma Veia calibrosa. A Trombose venosa profunda ainda Causa a Estase venosa aguda. Também instala-se lentamente devido à Seqüela da Trombose venosa que, lesando as válvulas, as tornam insuficientes e, conseqüentemente, há maior Dificuldade do retorno venoso, levando o Sistema venoso Superficial ao regime de maior Pressão. O Sistema venoso profundo está protegido pela Aponeurose que envolve a massa muscular fazendo com que a repercussão da Insuficiência valvular manifeste-se no Sistema venoso Superficial.
A Estase venosa aguda, grau I, manifesta-se de modo agudo, com Edema do Membro inferior, Febre baixa, o mais das vezes Inferior a 38 graus, Cianose do membro, que se agrava na posição ereta, visualização nítida da Rede venosa superficial, mais evidente quando a Pele é mais clara; intensa dor no Membro e Impotência funcional. Esse quadro corresponde, freqüentemente, à Trombose venosa profunda e é tanto mais alarmante quanto mais extensa e quanto mais alta for a Trombose. Porém, é de ressaltar-se que a gravidade do prognóstico tardio é inversamente proporcional ao nível da Trombose. Assim, as tromboses altas, com quadro inicial alarmante, praticamente não têm seqüelas tardias. Por outro lado, as tromboses mais distais, localizadas nas veias da perna, têm Forma menos espetacular porém as seqüelas são grandes e para o resto da vida. Esse Fato é devido ao número de válvulas ser maior nas veias das pernas do que nas das coxas ou nas ilíacas. A Lesão quando alta apresenta quadro clínico mais alarmante porque a Obstrução impede subitamente o Retorno venoso de grande território de Drenagem. Mas, a Seqüela é pequena ou, muitas vezes, inexistente porque, por maior que seja o número de válvulas lesadas, elas são poucas. Por isso, após a recanalização, toda a Sintomatologia desaparece. Como a recanalização é lenta e progressiva, as modificações clínicas vão desaparecendo vagarosamente.
Manobras para Avaliação: complementação do exame angiológico que estuda as válvulas do Sistema venoso e avalia seu grau de competência. Tais manobras se baseiam nos estudos de Trendelenburg e, na prática, se resumem em elevar o Membro e comprimir a Veia com o dedo ou com o auxílio do Garrote para impedir Refluxo sangüíneo em um ou vários locais, de maneira a localizar onde está a Válvula insuficiente. Assim, com um doente deitado, ao elevar seu pé e com massagem na Perna em direção à Raiz da coxa, o Sangue é esvaziado e todos os trajetos venosos ficam colabados. Colocado o Garrote na Raiz da Coxa e o doente tomando a posição de pé, dois eventos podem ocorrer: permanecer vazio o Sistema venoso Distal ao Garrote ou encher-se imediatamente. No primeiro Caso é evidente que a Insuficiência estava na Válvula ostial da Croça da safena e o segundo indica que, em outros pontos, existe passagem do Sistema venoso profundo para o Superficial ou seja existe maior ou menor número de perfurantes comunicantes insuficientes. Neste último caso, repetindo-se a manobra com dois garrotes delimitando segmentos da Coxa ou da perna, podem ser localizadas as referidas perfurantes insuficientes. Outra Avaliação da Insuficiência valvular foi proposta por Homans e consiste no esvaziamento do Sistema venoso Superficial pela deambulação, quando a suficiência valvular é satisfatória.
___ venosa crônica, Retorno venoso dificultado pela Insuficiência das valvas do Sistema venoso dos membros inferiores. A Insuficiência pode ser primária e decorre da Dilatação dos anéis de Implantação das cúspides sem Causa aparente e, por esse motivo, é chamada idiopática ou secundária ao estabelecimento traumático ou cirúrgico de uma Comunicação entre artéria-fístula arteriovenosa, ou à destruição das válvulas do Sistema venoso profundo, após recanalização de Trombose venosa profunda — Seqüela de Trombose venosa profunda. Nestes últimos casos de manifestação clínica secundária, o Processo Agudo definido, o mais das vezes, é Doença insidiosa. O Paciente com Doença venosa crônica procura o médico referindo dor nas pernas que aparecem no fim do dia e que é mais intensa no verão ou nos dias de grande Atividade física e, nas mulheres, guarda uma relação direta com o Ciclo menstrual, sendo sempre mais notada nos primeiros dias da Menstruação. A dor não piora com a posição nem com mobilização e parece ter algum alívio ao levantar os membros ou com massagem. Outros pacientes, e neste grupo predominam as mulheres jovens, referem, como primeira queixa, o aparecimento dos trajetos venosos nos membros e, eventualmente, o aparecimento concomitante de dores tais como foram descritas no parágrafo Anterior. Estes doentes, entretanto, que se preocupam com os trajetos venosos, trazem um contingente emocional grande de problemas estéticos chegando, muita vez, no exagero de, por estiramento da pele, visualizarem a vascularização normal, acreditando tratar-se de veias doentes. O mesmo problema, todavia, não ocorre entre os doentes do Sexo masculino, onde a distribuição pilosa cobre até mesmo enormes veias facilmente palpáveis e não visualizadas à simples Inspeção. Rarefação de Pêlos nos pés e pernas não costuma ser motivo de queixas dos doentes, pois eles não relacionam esse Fato a qualquer Doença vascular, uma vez que os Pêlos não caem mas vão, paulatinamente, apresentando-se atrofiados, quase desaparecendo por total, principalmente nas extremidades. Manchas cor de Fumo que aparecem nos terços inferiores das pernas, inicialmente pequenas e que vão se confluindo e aumentando sua intensidade lenta e progressivamente, podem ser manifestação que leve o doente ao consultório. Todos esses doentes, quando procuram o médico com a Sintomatologia descrita, ainda vão iludidos ou, pelo menos, esperançosos de não terem Doença Vascular. Entretanto, os demais o procuram já querendo uma afirmativa de que sua Circulação esteja boa, uma vez que eles mesmos suspeitam de má Circulação. Alguns doentes se queixam de Edema. Referem pés e pernas inchados no fim do dia, tendo amanhecido sem problema algum. Se tirarem os sapatos durante o dia, notam que eles se tornaram apertados, tendo Dificuldade ao calçá-los novamente. O Edema é unilateral ou com predomínio em um dos lados. Esse inchaço traz um desconforto progressivo e se agrava no verão, nos períodos em que o doente aumenta de peso e no final dos dias de muita atividade. A progressão desse Edema é muito lenta e nunca chega a volume tão grande que prejudique a vida social. O Trabalho costuma ser prejudicado para aqueles cuja profissão exige a permanência de pé por longa jornada. O Eritema pruriginoso com descamação ou umidade localizada no terço Inferior da perna, levando ao desespero o Paciente que, às vezes, chega a se ferir ao coçar, é outra Queixa que ocorre nos doentes mais idosos, se obesos e de Cuidados higiênicos mais precários. Aparece, principalmente, nos casos mais avançados e que, passando por todas as etapas anteriores, a imobilidade, como medida de cura, agrava mais o quadro clínico. O doente queixa-se de que é Portador de uma Úlcera renitente que apareceu, para ele, sem Causa aparente ou relacionada a pequeno Traumatismo e que não tem tendência a fechar. Desta maneira, foi descrita uma seqüência progressiva de sintomas e sinais que os doentes, portadores de Estase venosa crônica, podem apresentar no decorrer da evolução de seu mal.
A Estase venosa crônica compensada, grau II, é provocada, mais freqüentemente, pelas dilatações dos anéis das válvulas ostiais, levando à Insuficiência valvular relativa e conseqüente Dilatação e tortuosidade do Sistema venoso Superficial (varizes essenciais dos membros inferiores). A primeira manifestação clínica dessa doença, que não tem Etiologia conhecida, é o aparecimento da Rede venosa Superficial. Esta vai se tornando, progressivamente, tortuosa, formam-se pelotões e enovelamentos; em outros locais, liga-se aos grandes sistemas de Drenagem venosa dos membros inferiores — Veia safena interna e Veia safena externa. A própria safena nunca se entortilha. Outra manifestação clínica, freqüente nos casos incipientes, é o desconforto nos períodos pré-menstruais e no fim do dia de grande Atividade física ou nos dias quentes do verão. A Sintomatologia é frustra e discreta e, não fosse o problema estético, evidente nas mulheres, muitas nem apareceriam nos consultórios Médicos.
A Estase venosa crônica descompensada discreta, grau III, é o estádio que representa a evolução natural do quadro anterior, ainda sem complicação alguma, porém com Sintomatologia mais acentuada, em que a dor do Tipo desconforto da Perna e dos pés aparece após qualquer dia comum de Trabalho e na qual Edema eventual pode aparecer no verão e após os dias de longa permanência de pé.
A Estase venosa crônica descompensada rebelde, grau IV, é a fase seguinte, onde a Sintomatologia dominante é a dor e Edema no final do dia, já muitas vezes com Alterações tróficas pequenas, como a rarefação dos Pêlos. A denominação rebelde é dada devido ao Comportamento do Edema.
Finalmente, a Estase venosa crônica descompensada grave, grau V, é o estágio final onde aparecem os grandes edemas e Alterações tróficas, com eventuais surtos de Flebite superficial, algumas vezes aparecem celulites após eczemas e o quadro se completa com o surgimento de úlceras varicosas e hemorragias. A denominação de grave corre por conta das Complicações. Poderia ser, portanto, substituído pela designação de Varizes complicadas.
Avaliação clínica: Dificuldade crônica de Retorno venoso.
Avaliação clínica periódica impõe-se para Controle de eventuais Complicações em fases incipientes. Este paciente, o mais das vezes, não vai sarar totalmente, mesmo se for cuidado com Atenção; do ponto de vista psicológico, se lhe for dado um forte apoio, compreenderá sua Doença e se cuidará. Entretanto, se o médico não der Atenção ao aspecto psicológico, o doente se desiludirá e ficará andando de consultório em consultório, não observando os Cuidados simples mas aborrecidos que lhe são impostos e terá malogro em seu Tratamento. O doente deve convencer-se de que sua Doença merece Atenção e o descuido lhe trará muitos aborrecimentos. A revisão periódica do Paciente se impõe para que ele não se sinta descuidado e não se abandone a si próprio. O doente que usar MEIA elástica deverá tirá-la na presença do médico, pois faz Parte do exame a Avaliação da Dificuldade para calçá-la e descalçá-la. Esse Fato dará idéia do grau de contenção que ela está propiciando e se o doente não está se ferindo ao colocá-la, Caso não use MEIA de seda ou de Nylon antes da MEIA elástica de algodão.