Quelação

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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F. gr. chele, khele, pingar, pegar.
Complexação, ou seja, encadeamento elétrico, de substâncias de produtos orgânicos com Materiais metálicos. Método que pretende remover o Cálcio das placas ateromatosas, pela sua união com um fármaco, na esperança de minimizar a problemática obstrutiva da Aterosclerose. Fundamenta-se na ministração endovenosa do Ácido etilenodiaminotetracético ou de seu sal sódico que, complexado com o cálcio, produz uma Substância solúvel — que é eliminada pelos rins. Os efeitos secundários dessa Droga são graves, pois podem causar tetania, convulsões, arritmias, Parada respiratória e Lesão renal, além de outras. Porém, a crítica mais grave à utilização desse Tratamento está no Fato dele visar apenas a remoção do Cálcio que, na verdade, representa uma pequena parcela de todo o Processo obstrutivo da Arteriosclerose obliterante.
O Tratamento de Arteriosclerose pela Quelação tem sido motivo, com grande freqüência e até mesmo com certa impertinência, de noticiário da imprensa. Tal Fato induz o leitor menos avisado a alimentar a vã esperança de alívio de seus problemas de Arteriosclerose. Como quem cala consente, parece estar pairando a falsa idéia de que a Quelação seja método aceito tacitamente pelos especialistas e aprovado pelas entidades oficiais responsáveis pela Saúde da comunidade e do Indivíduo. Para esclarecer como os fatos se passam quanto a esse assunto, convido o leitor a considerar os elementos que vou apresentar, acompanhar meu raciocínio e fazer seu próprio juízo sobre o método. Quelação é vocábulo que veio do grego chele e que para não ser lido com o som de “xe” é escrito com k e, portanto, khele, que significa pinçar ou pegar. Os Químicos a definem como complexação, ou seja, encadeamento elétrico de substâncias de produtos orgânicos com Materiais metálicos. A expressão foi adotada em medicina para indicar método terapêutico que pretende remover o Cálcio das placas ateromatosadas, pela união deste com fármacos, na esperança de diminuir as obstruções causadas pela Arteriosclerose. A Droga mais freqüentemente usada é o Ácido etildiminotetracético (EDTA) ou seu sal sódico que, complexado com cálcio, produz uma Substância solúvel que é eliminada pelos rins através de Urina. Os efeitos secundários dessa medicação, ao invés do que costuma ser divulgado, são graves, pois, podem causar tetanias, convulsões, arritmias, parada respiratória, Lesão renal, além de outros danos à economia humana. Para que se entenda corretamente o que se pode esperar de Benefício no Tratamento da Arteriosclerose com a retirada apenas do Cálcio dos ateromas deve-se, preliminarmente, entender-se como se instala e evolui tal Doença. A Artéria possui três camadas que são denominadas túnicas: a adventícia mais externa, a média e, a mais interna, a íntima. Esta camada é irrigada por embebição do Sangue que flui na própria Artéria. A Doença inicia-se naturalmente, com o passar do tempo, na Túnica íntima, com a proliferação de células. Há grandes dificuldades em se estabelecer quando se trata de um Fenômeno fisiológico de Adaptação ou quando já houve o início de um Processo patológico. A proliferação celular é lenta, progressiva e permanente. A Parede da Artéria vai espessando-se constantemente e, em alguns pontos, o Sangue que a nutre se torna insuficiente e, assim, aparecem focos degenerativos. Depois da fase proliferativa e da degenerativa, vem a terceira fase da evolução natural da moléstia e é caracterizada pelo Depósito nos focos degenerados de subsbtâncias gordurosas como o Colesterol e os Triglicérides e, assim, aparece Ateroma. O referido espessamento da Artéria da a ela um endurecimento tal que levou Lobstein, em 1832, a denominar a Doença de Arteriosclerose. O predomínio das lesões ateromotosas em certos casos e sempre nos de Idade mais avançada levou Marchand, em 1904, a sugerir o termo da arterosclerose. O Ateroma evoluindo naturalmente tem, nos locais degenerados onde as gorduras se depositaram, a tendência a calcificar, adquirindo a consistência que lembra a do Osso. O Cálcio depositado representa cerca de 10% do peso total do Ateroma. Pondo de lado os aneurismas que, na maioria dos casos, também têm como Causa a arteriosclerose, pelo enfraquecimento que produziu na Parede da artéria, é a Isquemia o resultado mais freqüente pela diminuição da Doença. Ela instala-se pela diminuição da luz da Artéria que, tomada pelo processo, vai progressivamente dificultando a passagem do Sangue. Como a Doença é generalizada mas não é homogênea, em alguns locais, pela disposição anatômica, ela pode ser mais intensa do que em outros, e, ao acaso, instalarem-se estenoses ou, até mesmo, obstruções completas. Os sintomas e sinais que os doentes apresentam estão na Dependência da intensidade da Oclusão da artéria, da extensão que a Lesão atinge e do Órgão que ela nutre. Episódios agudos podem ocorrem na evolução natural dessa doença, que, embora progrida lentamente, é inexorável. Dependendo do Órgão afetado, variará a manifestação clínica que vai de simples Fuga da Memória até Acidente Vascular cerebral ou Enfarte do Miocárdio ou mesmo Gangrena. Há grande preocupação na Solução desse problema e muito se investe em pesquisa nesse campo. Mais verbas são alocadas para esse fim do que para o estudo do Câncer. Em que pese este fato, pouco se conseguiu até agora. O apelo recente à técnica, também recente, da quelação, embora com a melhor das intenções, em nada influiu para resolver o problema, pois pelo Fato de, pelo seu uso, remover-se apenas o Cálcio do ateroma, seria de prever-se que nada poderia fazer em Benefício do Paciente com Arteriosclerose ou mesmo com Aterosclerose. No Caso de tudo ocorrer bem, como dizem os raros adeptos do tal tratamento, ele apenas “murcharia” o Ateroma no correspondente a 10% do seu peso. Ocorre, entretanto, que a Homeostase não permite que a retirada do Cálcio do Sangue determine a retirada específica do Cálcio do ateroma, quando a grande reserva está nos ossos. É óbvio que, imediatamente, o organismo mobiliza todos os seus mecanismos para repor o Cálcio eliminado à custa do que está no Esqueleto. Mesmo admitindo que tal Fato ocorresse, ele seria insuficiente, uma vez que a diminuição da luz da Artéria é sistêmica e depende, como foi explicado, da proliferação celular. Aqueles que ainda acreditam na Quelação não conseguiram apresentar trabalhos experimentais e nem clínicos, elaborados dentro de critérios científicos, que demonstrem a Eficácia do Tratamento. Todos eles se limitam a citar autores desconhecidos, de centros sem tradição em pesquisa (que, portanto, não têm credibilidade suficiente para avalizar a veracidade dos dados) e a relatar depoimentos isolados de doentes. O Fato é que as entidades oficiais a quem cabe a Responsabilidade de liberar os produtos no mercado, tanto dos países adiantados como nos do terceiro mundo, não o fizeram, pela fragilidade da documentação comprovatória da Eficácia do medicamento. Esperamos ter esclarecido os jovens médicos, para que não sejam vítimas dos adeptos da quelação, e alertado os velhos pacientes, para que fiquem atentos e não iludidos com esperanças sem fundamento.