Simpatectomia

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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Operação cirúrgica, idealizada no início do século, pela qual são retirados nódulos e a cadeia simpática, com o objetivo de induzir à neoformação Vascular em territórios com isquemia, ou seja, Deficiência de Circulação arterial. Chamada operação fisiológica por intervir num local e obter resultado em outro território, à distância. Há mais de um século Claude Bernard mostrava, na Academia de Ciências de Paris, a influência do Sistema Neuro Simpático sobre o tônus da musculatura das artérias. Muitos outros acontecimentos relevantes marcaram a evolução histórica da medicina neste campo, porém, deve-se salientar que coube a Leriche, genial cirurgião da dor, o mérito de aplicar no homem a Denervação simpática para melhorar a Circulação dos pés de pacientes portadores de obstruções das artérias, decorrentes da temida Doença chamada Arteriosclerose. Foi esse grande Professor da Universidade de Strasbourg que introduziu, através de uma série de conferências, nos Estados Unidos, essa operação. Os anatomistas e fisiologistas que se dedicam ao estudo da Neurologia dividem o Sistema Nervoso Autônomo em dois componentes que se comportam de maneira antagônica. São denominados simpático e parassimpático. Ambos conduzem impulsos nervosos e atingem os tecidos das vísceras, a musculatura lisa, o Coração e as glândulas sudoríparas (que secretam o suor). No estudo de sua Morfologia deve ser salientado o Fato dele apresentar, além de nervos e plexos, duas cadeias de gânglios localizadas de cada lado da coluna vertebral, desde o Pescoço até a Parte terminal do tronco, chamada coluna sacral. A operação que extirpa segmentos dessa cadeia de gânglios é denominada Simpatectomia e qualificada, conforme os segmentos que retire, em cérvico-torácica, torácico lombar ou lombar. No primeiro e no último Caso ela é indicada para tratar os portadores de doenças vasculares periféricas obstrutivas. Estas são caracterizadas fundamentalmente pela chamada Isquemia (termo indicativo de Dificuldade de chegada de sangue). O segundo Tipo foi muito usado no Tratamento da Hipertensão arterial, com ótimos resultados. Esta operação hoje tem muita limitação pelo Fato de existirem drogas modernas que conseguem êxito na terapêutica dessa Doença. As simpatectomias cérvico-torácica e lombar dão excelentes resultados terapêuticos no Tratamento dos problemas circulatórios das mãos, dos pés e das pernas. Cirurgia benigna, praticamente sem Mortalidade e sempre benéfica quando corretamente indicada. Muito embora seja operação que exija alta Qualificação do cirurgião, como é o Caso específico da Simpatectomia cérvico-torácica, os possíveis acidentes são raríssimos e as Complicações mais raras ainda. Seqüelas indesejáveis decorrentes dessa operação e que às vezes se constituem em preocupação para o doente.
(ref. instrumental cirúrgico necessário para a execução do Procedimento) cabo de Bisturi longo nº 3; cabo de Bisturi nº 4; Cúpula de aço-inox; par de afastador Farabeuf de 1,2cm x 13cm e de 2,0cm x 16cm (2 peças); Pinça Allis de 20cm; pinças anatômicas com dente de 19cm e 24cm; pinças anatômica sem dente de 20cm e 24cm; Pinça Backaus de 13cm; Pinça Cheron de 25cm; pinças Foerster curva de 25cm e reta de 22cm; pinças Kelly curva e reta de 16cm; Pinça Kocher reta de 20cm; Pinça Mixter de 20cm; porta Agulha Mayo-Hegar de 17; tesouras de Mayo curva de 18cm e reta de 17cm; tesoura Metzembaun curva de 19cm; Válvula de Doyen de 4,5cm x 12cm; Gancho longo; Pinça Adson; Pinça Monyhan.
___ cérvico-torácica, todos os pacientes apresentam a assim chamada Síndrome de Claude Bernard - Horner que se constitui no conjunto de três sinais: Queda da pálpebra (ptose palpebral), diminuição da Pupila (miose) e Olho avermelhado (hiperemia subconjuntivais - Aumento do fluxo de Sangue visível através da Conjuntiva do olho) do lado operado. Essa tríade é nítida no início e vai desaparecendo até ser imperceptível após um ou dois anos. Esses sinais, quando aparecem no dia seguinte à operação, são a garantia de que a operação foi bem feita. Como a operação visa denervar um território do Corpo humano, essa região vai ter todas suas glândulas sudoríparas sem funcionar; o doente não transpira naquele Segmento. Aliás, os Médicos conhecendo esse Fato o aproveitam quando precisam saber da extensão da operação aquecem o Ambiente para localizar com precisão onde a Pele do doente se apresenta mais úmida e onde fica seca. Assim podem estimar a região denervada. Quando o Paciente é submetido a várias operações do simpático e fica com grandes áreas denervadas, as restantes passam a suar abundantemente de maneira compensadora (hiperidrose vicariante) trazendo, às vezes, grande desconforto.
Influência sobre a esfera sexual - a Simpatectomia não Causa a Impotência. A Ejaculação depende do contingente simpático ao passo que a Ereção decorre do parassimpático. A Simpatectomia lombar bilateral impede a Ejaculação. Permitindo o chamado coito seco, ou seja, sem Ejaculação. Devido a disposições anatômicas, a Ejaculação poderá ser preservada e continuar Normal se o cirurgião poupar o primeiro Gânglio da cadeia lombar de, pelo menos, um dos lados. Como a Ereção depende do parassimpático, após a operação esse terá nítida predominância pela Ausência de ação do seu oponente simpático. Nestas circunstâncias a Ereção será melhor. Devem ser lembradas as obstruções das artérias com diminuição do afluxo de Sangue aos Órgãos genitais masculinos; deve ser considerado também o sofrimento Contínuo daquele que padece da Doença pela qual está sendo indicada a referida Cirurgia. A Simpatectomia pode representar uma esperança para alguns doentes.
Regeneração do Simpático - Capacidade de neoformação do Tronco simpático restabelecendo as condições prévias à sua interrupção. Tal tendência é uma das causas do malogro cirúrgico quando o ato operatório se restringe à secção do Tronco simpático e ineficiência tardia da operação em alguns casos. A regeneração da Fibra simpática se faz na ordem de um milímetro por dia, segundo algumas estimativas, e é de tal maneira intensa que em experiências feitas separando-se os cotos extremos da cadeia simpática com musculatura, a Biópsia Posterior mostrou invasão das fibras simpáticas através da barreira muscular colocada; entretanto, apesar dessas observações, ponderando-se os resultados, vê-se que, apesar da regeneração e da sensibilização, que é desprezível, seus benefícios são compensadores.