Perigo de vida

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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Probabilidade de Morte.
Depende da natureza e sede da Lesão.
Situação pela qual, a vida corre Risco [instantânea ou duradoura].
Sin. Risco de vida e paradoxalmente Perigo de Morte o que aliás seria mais próprio.
Uma casa de força, alambrada e com dois portões, localizada numa das belas praias paulistas tem, em cada um deles, uma Placa dizendo Perigo de vida e outra, do lado oposto, Perigo de Morte. Com tais dizeres, a vida e a Morte tinham o mesmo significado. De qualquer forma, porém, o mais certo da vida é a Morte. Todos chegaremos a ela, mas, até lá, buscamos preservar a vida. Há grandes preocupações quanto ao Alongamento do tempo de vida média do homem. Ele vive, cada vez mais, e assim também tem mais tempo para sofrer as agressões que a vida condiciona. As de hoje talvez não sejam maiores nem menores do que as de antigamente. Elas são diferentes. As grandes cidades apresentam, para todos, numerosos atrativos e muita esperança, mas, na realidade, sua maneira de viver deteriora. A sobrevivência depende de uma gama de fatores da mais variada natureza, envolvendo família, segurança, transporte, Comportamento e até o mais requintado Aparelho hospitalar é indispensável para a Assistência correta e eficiente ao Paciente. Tudo o que foi dito é para ressaltar alguns pontos para se compreender de maneira abrangente como se morre entre nós. Pondo de lado as moléstias infecciosas e parasitárias, as degenerativas e as neoplásicas, aqui será feita Análise restrita àquelas doenças que poderiam ser evitadas - os acidentes. Estima-se em três milhões de mortes no Brasil decorrente de acidentes do Trabalho. Neste mesmo ano, cento e cinqüenta mil pessoas foram vítimas de acidentes de trânsito, dos quais sessenta e oito mil no Estado de São Paulo (IBGE). Desses traumas resultaram mais de sete mil mortes violentas para nossa capital. Este é um saldo negativo estarrecedor, entretanto, mesmo assim, cabe uma Dose de otimismo quando comparado com os nove mil que faleciam há quatro anos atrás. O otimismo pode ser maior, se lembrarmos que, além da redução em números absolutos, a capital ainda cresceu cerca de meio milhão de cidadãos por ano. Esse número decrescente de Morte violenta em São Paulo talvez possa decorrer da Implantação do Metrô a transportar, com absoluta segurança, mais de meio milhão de pessoas por dia. As medidas disciplinares rigorosas estabelecidas no trânsito têm diminuído significativamente a gravidade dos acidentes. Enquanto tínhamos em 1973 o Índice de Acidente por dez mil veículos registrados na capital estimado em 39,8, hoje, apresentando nítida tendência a cair, ele baixou para 17,2. Entretanto ainda estamos longe de Nova Iorque, que está com 3,2, Osaka com 2,4, Los Angeles com 2,0 e Tóquio com 1,5 (DSV). Há no brasileiro tendência natural e espontânea de ajudar ao próximo. Um Acidente é motivo para aglomerar curiosos e todos querendo fazer alguma coisa pelas vítimas. Geralmente atrapalham mais do que auxiliam. A maneira correta de socorrer não é de domínio público. Campanhas educativas devem transmitir ensinamentos exatos para prevenir acidentes e instruções simples, porém corretas, de primeiros socorros. A vulgarização desses conhecimentos deve ser ampla e constante. Depois que o Acidente ocorre só resta salvar a vítima! Primeiro preservando sua vida, depois evitando seqüelas funcionais, físicas e estéticas. Quantas vítimas não têm seu quadro clínico agravado pelo socorro inadequado. Lesões banais tornam-se graves pelo Procedimento mal conduzido na remoção do local do Acidente. Fraturas de coluna causando paralisias definitivas pelo manuseio sem os Cuidados devidos são registradas freqüentemente. Quantos pacientes não chegam ao Pronto Socorro com quadro clínico de Choque hemorrágico devido ao atendimento errado. Sangrando após o acidente, e socorridos por leigos que, desconhecendo o Sentido que caminha o Sangue nas veias e pretendendo estancar a Hemorragia das extremidades, estrangulam a Raiz da Coxa ou do Braço com um torniquete. Este sendo suficiente para dificultar o retorno venoso, não o é para impedir que o Sangue passe pela Artéria. Dessa forma, o sangramento se mantém, e só é estancado quando da retirada do Garrote aplicado erroneamente. Melhor seria se nada tivesse sido feito. Procuramos dar a dimensão do problema: Trauma. Os baixos níveis de ocorrência de acidentes mantidos pelos outros países somente serão conseguidos no Brasil se a conscientização do problema for nacional. Esforços isolados e esporádicos não serão eficientes. Todos, povo e governo, deverão lutar nesse Sentido. Assim, o homem brasileiro será valorizado. (Ver: Risco, Lesão)
___ de vida iminente, (ref. Parecer Processo CFM 21/80) O problema criado, para o médico, pela recusa dos adeptos da Testemunha de Jeová em permitir a transfusão sanguínea, deverá ser encarada sob duas circunstâncias: 1 - A transfusão de Sangue teria precisa indicação e seria a terapêutica mais rápida e segura para a melhora ou Cura do Paciente. Não haveria, contudo, qualquer Perigo imediato para a vida do Paciente se ela deixasse de ser praticada. Nessas condições, deveria o médico atender o pedido de seu paciente, abstendo-se de realizar a transfusão de Sangue. Não poderá o médico proceder de modo contrário, pois tal lhe é vedado pelo disposto no artigo 32, letra f do Código de Ética médica: Não é permitido ao médico: f) exercer sua autoridade de maneira a limitar o Direito do Paciente resolver sobre sua Pessoa e seu bem-estar. 2 - O Paciente se encontra em iminente Perigo de vida e a transfusão de Sangue é a terapêutica indispensável para salvá-lo. Em tais condições, não deverá o médico deixar de praticá-la apesar da oposição do Paciente ou de seus responsáveis em permití-la. O médico deverá sempre orientar sua conduta profissional pelas determinações de seu Código. No caso, o Código de Ética médica assim prescreve: Artigo 1º - A medicina é uma profissão que tem por fim cuidar da Saúde do homem, sem preocupações de ordem religiosa... Artigo 30 - O O alvo de toda a Atenção do médico é o doente, em Benefício do qual deverá agir com o máximo de zêlo e melhor de sua Capacidade profissional. Artigo 19 - O médico, salvo o Caso de iminente Perigo de vida, não praticará Intervenção cirúrgica sem o prévio Consentimento tácito ou explícito do Paciente e, tratando-se de menor incapaz, de seu representante legal. Por outro lado, ao praticar a transfusão de sangue, na Circunstância em causa, não estará o médico violando o Direito do Paciente. Realmente, a Constituição Federal determina em seu artigo 153, Parágrafo 2º que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. Aquele que Violar esse Direito cairá nas sanções do Código Penal quando este trata dos crimes contra a Liberdade pessoal e em seu artigo 146 preconiza: Constranger alguém, mediante Violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer meio, a Capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda. Contudo, o próprio Código Penal no parágrafo 3º desse mesmo artigo 146, declara: Não se compreendem na disposição deste artigo: I - a Intervenção médica ou cirúrgica sem o Consentimento do Paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente Perigo de vida. A recusa do Paciente em receber a transfusão sanguínea, salvadora de sua vida, poderia, ainda, ser encarada como Suicídio. Nesse caso, o médico, ao aplicar a transfusão, não estaria violando a Liberdade pessoal, pois o mesmo parágrafo 3º do artigo 146, agora no inciso II, dispõe que não se compreende, também, nas determinações deste artigo: a coação exercida para impedir o Suicídio. Conclusão - Em Caso de haver recusa em permitir a transfusão de sangue, o médico, obedecendo a seu Código de Ética Médica, deverá observar a seguinte conduta: 1º - Se não houver iminente Perigo de vida, o médico respeitará a vontade do Paciente ou de seus responsáveis. 2º - Se houver iminente Perigo de vida, o médico praticará a transfusão de sangue, independentemente de Consentimento do Paciente ou de seus responsáveis.