Esporte e remédios

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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Como os remédios, o Esporte tem indicação precisa, Posologia adequada (dose para cada caso) e, também, contra-indicações. A comparação do esporte, ou do Exercício Físico ao fármaco, ou seja, à Droga que se usa como remédio, permite algumas inferências no que diz respeito às restrições, e até mesmo, a certos perigos. A utilização do fármaco, quando é feita pela primeira vez num doente, exige Cuidados prévios por Parte do médico para Poder ministrá-lo na Dose exata e com a certeza de que o doente não terá qualquer Forma de intolerância. Os testes de Sensibilidade permitem estimar a compatibilidade da Droga ao organismo. Da mesma forma, o Esporte deve ser feito pelo iniciante de maneira moderada, lenta e progressiva. Adequadamente orientada por profissional competente a fim de avaliar a aptidão física do esportista sem perigos, no seu progredir, de estafa precoce ou outros eventuais males.
Alguns remédios podem ser usados pelo leigo a critério próprio, sem maiores problemas, somente sob Prescrição médica; e outros, ainda, exigem, para seu uso, rigoroso Controle do Paciente em Ambiente hospitalar. Também os exercícios Físicos em sua grande maioria podem ser praticados livremente pelo Indivíduo e devem até integrar seus Hábitos higiênicos. Outros exercícios têm indicação precisa pois recuperam doentes, reabilitam mutilados e reintegram pacientes na sociedade. Um terceiro grupo exige, como os remédios, Assistência conjunta do médico ao lado do educador físico para recuperar, com o Mínimo de risco, certos pacientes. O mundo moderno, com o Progresso Contínuo da tecnologia, está oferecendo, de um lado, crescentes recursos para, a título de conforto, imobilizar o Indivíduo carregando-o de metrô, de automóvel, de elevador, de escadas rolantes e, de outro lado, está oferecendo mais entretenimentos que o prendem às cômodas poltronas na mais incorreta das posturas e, ainda, com dispositivos eletrônicos tais que impedem até os mínimos esforços. A inatividade física a esse grau pode ser encarada como uma das agressões da vida atual, a qual é agravada pelos diários conflitos emocionais. Algumas patologias graves estão interligadas à situação descrita. É ilustrativo lembrar a menor Incidência do Infarto do Miocárdio entre os estivadores em contraposição à crescente Incidência entre os intelectuais de hábitos sedentários. Não fosse apenas pelo bem-estar que o Exercício Físico propicia, quando praticado com regularidade, ele também produz benefícios comprovados pelos exames bioquímicos do Sangue. Os executivos que se apresentam para check-up, em sua grande maioria, têm hábitos sedentários e levam vida social ativa, fumam intensamente e bebem sua Dose de Álcool diariamente, com maior ou menor grau de obesidade, são geralmente vítimas de grande Stress decorrente da luta pela vida nas grandes cidades e, nos momentos de crise, também pela manutenção do emprego. Sentem-se hígidos mas, muitas vezes, os exames laboratoriais revelam no Sangue taxas elevadas de lípides (colesterol, triglicérides), uréia, Glicose e Ácido úrico. Caso o organismo esteja em ordem, dois fatores básicos vão determinar o equilíbrio para a manutenção dentro dos níveis tidos como normais: a ingestão de alimentos e a queima pelo Exercício Físico. A simples correção da dieta e a prática esportiva têm normalizado rapidamente esses níveis que, se abandonados, poderão levar à caracterização das patologias. Várias tentativas isoladas têm procurado, através de campanhas, impressionar a população sobre a importância do Exercício Físico. Todas, embora louváveis, são carentes de continuidade e de algo que conscientize o cidadão à constância e a transmitir às gerações seguintes. O governo brasileiro teve a clarividência, que aliás não foi duradoura, de introduzir a prática desportiva obrigatória nas Universidades. Essa medida seria de longo alcance. Seus resultados viriam no futuro quando os jovens universitários de hoje estiverem nas lideranças do País. Ela ocorreria pela conscientização nacional do problema pois estes jovens estarão sensibilizados e saberão dar à matéria a importância que ela merece. A Universidade deve oferecer prioritariamente a possibilidade de prática esportiva ao jovem que apresentar Defeito físico ou problema que exija ginástica especializada para ajudá-lo a superar sua Deficiência. A Universidade deve, ainda, oferecer como faz a Universidade de São Paulo, a oportunidade aos elementos de seu Corpo docente, em qualquer Idade e com qualquer aptidão física, de receberem aulas regulares de ginástica. Durante muitos anos a Escola de Educação Física da USP, graças ao esforço e dedicação do Prof. A.Boaventura da Silva, ofereceu um curso dessa natureza. Caberia agora, depois dessa caminhada feita entre paralelas traçadas pelo Remédio e pelo esporte, discutir os problemas do Indivíduo que faz Esporte e precisa tomar Remédio e o do esportista que espera no Remédio ajuda para aumentar sua Eficiência. Vejamos as três alternativas do primeiro Caso. No Caso dos problemas banais que levaram o próprio Indivíduo a se automedicar, sua disposição será suficiente para indicar ou não a abstenção ou a prática do Exercício Físico. Nas outras eventualidades caberá ao médico que prescreveu fazer as restrições cabíveis. Em muitas doenças quando o Repouso absoluto está indicado, mesmo assim o Exercício Físico então passivo é recomendado e faz Parte dos Cuidados de Enfermagem. No que diz respeito àquele que faz Esporte e espera do medicamento uma ajuda para melhorar sua aptidão temos, ainda, três situações. Na primeira, o energético é ministrado nos momentos que precedem os grandes esforços Físicos. É o Caso da ingestão de Glicose nas referidas ocasiões. A segunda é a decorrente do preparo com hormônios nos meses que precedem as grandes competições procurando aumentar a vascularização da musculatura. A simples Suspensão prévia burlaria a comprovação do Fato. É Procedimento nefasto e prejudicial aos jovens e particularmente às mulheres. Poderão apresentar Alterações dos Caracteres sexuais secundários, modificação da fala, Hirsutismo (grande quantidade de pêlos, predominantemente na face), além de outros problemas. A terceira é a do uso dos estimulantes (dopping). É prática criminosa. Seu uso é proibido, seus efeitos maléficos e suas conseqüências drásticas. Para finalizar, a Atividade física deve ser utilizada como o sempre lembrado fortificante que as mães numa ilusão, alimentada durante gerações e muito explorada pelos charlatões, sempre esperam que os Médicos receitem a seus filhos, para que eles nunca fiquem doentes e se tornem superdotados.