Resgate de conhecimentos antigos

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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Aquele mesmo Progresso que relegou muitos conhecimentos recentes, ocasionalmente condiciona a volta à atualidade de alguns antigos. Em certos momentos, parece que o presente busca, no passado, o alicerce para progredir. Conotações modernas são dadas a saberes antigos e estes são revalorizados. O obsoleto retorna, então, com o valor do atual.
Para exemplificar como esse Fato ocorre, vou lembrar dois casos. Nos primórdios deste século, na Universidade de Estrasburgo, o Prof. Phillipp Bellocq ministrava suas aulas de maneira diferente da dos demais especialistas. Enquanto outros ensinavam a Anatomia descritiva ou sistemática, tratando de cada Aparelho de per si, ou a topográfica, tratando de cada uma das regiões, ele ensinava a Anatomia de corte, pois, imaginando a secção do Corpo humano em determinados níveis, indicava todas as estruturas nele contidas. Na época, os anatomistas rejeitavam o método e faziam impiedosas críticas ao seu autor. Hoje, com o advento da tomografia computadorizada, da Ultra-sonografia e da ressonância magnética nuclear, essa Técnica é o que a Anatomia tem de mais moderno para possibilitar ao médico interpretar as imagens que essa tecnologia avançada lhe oferece.
Não bastasse esse exemplo, e para citar um autor brasileiro, lembro ainda Silva Santos, Professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro que, em 1934, publicou na Revista Brasil-Médico um Trabalho intitulado Um Coração no pé, no qual ressaltava o papel da Palmilha venosa na Circulação de retorno; mostrava que, durante a deambulação, firmar o pé no solo leva à Compressão da Pele e do subcutâneo da região plantar, impulsionando-se, a cada passo, um jato de Sangue na Circulação. Seria, no seu entender, um Coração Auxiliar.
Esse Trabalho não teve repercussão na época. Entretanto, em Londres, em setembro de 1986, foi apresentado um Aparelho Equivalente a uma sandália, acoplada a um Sistema de bomba compressora intermitente, que massageia a Planta do pé e, assim, em doentes acamados comprime a palmilha venosa, impulsionando o Sangue na Circulação. Tal Aparelho poderia ser chamado, então, Coração artificial do pé.
Vê-se, com esses dois exemplos, que bons conhecimentos, embora não utilizados por certo período, têm, a seu tempo, possibilidade de reaproveitamento. O velho que se torna novo é, nos casos referidos, realidade inconteste.