Inconformismo

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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As condições de vida nas grandes cidades têm alterado o Comportamento dos homens. O conflito, como denominador comum dos aglomerados demográficos, mantém Indivíduo e comunidade permanentemente irritados. Tudo se torna difícil. Dessa forma, a Qualidade de vida se vai deteriorando, mas piora ainda mais quando aparece a Doença. Esta encontra Substrato propício na mente do Indivíduo para alterá-la. Os gastos aumentam, a renda diminui, o Indivíduo fica em condições de inferioridade e, muitas vezes, chega à Dependência física e econômica. É fácil compreender o quanto tal situação pode perturbar o psiquismo. O exercício profissional permite ao médico compreender as Alterações da mente do angustiado. Dentre os que mais sofrem estão os portadores de Doença crônica e incurável. A cronicidade sugere longo tempo de sofrimento e a incurabilidade sela o destino. Perante a referida situação, o Paciente costuma reagir de três maneiras: aceita os fatos com naturalidade; aliena-se do seu problema; ou rebela-se. O primeiro grupo reúne a grande maioria dos doentes. Ao ser confirmada a doença, passam por uma fase inicial de grande Tristeza e depois aceitam os fatos com naturalidade e resignação. Esses pacientes cooperam com o médico e com a enfermagem, levam a sério o Tratamento e, sem reclamar, vão se ajustando às novas condições de vida. Procuram encontrar seus limites e buscam atividades alternativas. Eles costumam demonstrar grande vontade de viver e têm satisfação nos menores progressos e alegrias em todas as conquistas. O segundo grupo é o daqueles que, não aceitando a situação, fingem ignorá-la. Comportam-se como se não soubessem o que têm, nem sua gravidade. Chegam a nem querer saber o nome do próprio médico que os trata. Quando sabem, esquecem ou fingem esquecer. Aliás, esquecem mesmo, pois, sua Memória apaga o nome que ele não quer reter, não Fala sobre seu assunto e não quer se instruir sobre a Doença para Poder ajudar a si próprio. O terceiro grupo é o dos que não se conformando com a situação, rebelam-se contra ela. Felizmente, os que o integram não são muitos. Em seu Estado aflitivo tornam-se agitados, prejudicam os companheiros confundindo-lhes as idéias. Em suas horas de intimidade, cada um deles se questiona: por que eu? Não encontrando resposta, revolta-se contra tudo e contra todos. Integram o grupo daqueles que, não aceitando seu destino, e desejando vingar-se da natureza, acusam o médico de negligente ou omisso. É fácil compreender que a falta de uma boa estrutura psíquica, em um Indivíduo que não dispõe de estofo moral e nem de formação religiosa, pode perturbá-lo no decorrer da evolução de sua Doença crônica. O desequilíbrio nesta situação leva-o a agredir a todos, mas, particularmente, o médico e o Hospital. O primeiro porque é quem diz o que ele não quer ouvir e prescreve o que ele não quer fazer, e o segundo porque é o local onde acontece o que ele não gostaria que ocorresse. Os indivíduos com tal Comportamento podem prejudicar muito outros doentes, pois, costumam fazer proselitismo entre seus companheiros de tratamento, inculcando desconfiança em relação ao médico e ao Hospital. Fazem denúncias sem fundamento para prejudicar o serviço. Tais indivíduos destilam ódio! É mister alertar os doentes e familiares para que fiquem atentos quanto aos inconformados agitadores e que não se tornem suas vítimas. Mantenham a confiança em seu médico, pois, este sempre será o melhor amigo para o Tratamento da sua Doença. Os Médicos compreendem bem, mas os doentes precisam ficar sabendo que a referida revolta, manifestada pelo inconformismo, faz Parte do quadro clínico. Não é só o Corpo que fica doente - a mente também!
O Inconformismo do Paciente com os resultados por ele esperados da medicina é, sem dúvida, decorrente de uma série de fatores. Alguns podem ser destacados, mas no conjunto eles se entrelaçam e, na verdade, todos encontram na resposta emocional de cada Paciente o fator potencializador do seu problema. A Opinião pública está sendo intensamente trabalhada por alguns Órgãos de comunicação, em cerrada campanha de Difamação contra as instituições de Saúde do país. Para atingir tal objetivo, o Erro médico está sendo colocado como o fulcro da questão e a generalização indevida é utilizada como Técnica para denegrir o prestígio do profissional. O Erro de um passa a ser difundido como sendo de todos. Tal movimento tem conseqüências maléficas para o médico e para as instituições, mas o mal maior ainda é para o doente. O primeiro efeito negativo que ele determina é o medo que incute no Paciente e em seus familiares de todo Procedimento necessário de Assistência à Saúde. O segundo malefício é a incredulidade do Paciente na Eficácia dos tratamentos. O terceiro, o mais grave, é o estremecimento da relação médico-paciente, pelo abalo da confiança do Paciente em seu médico. Todos sabem que boa Parte da Eficiência de um Tratamento está na tranqüilidade que a palavra do médico produz no Paciente e em sua família, graças a essa confiança. Até mesmo as boas notícias, de significativos progressos, de êxitos parciais em pesquisas avançadas e de tecnologia muito refinada, quando divulgadas de maneira escandalosa e bombástica são perniciosas, pois dão a impressão, ao menos avisado, de que é Fato consumado e de uso corrente algo que ainda está em fase experimental. Mas o malefício desse Procedimento está no desenvolver um elevado grau de expectativa para soluções de problemas que, aparentemente, são menores. Todas as notícias sensacionalistas devem merecer um grau de reserva pois, de uma ou outra maneira, elas acabam denegrindo a imagem do profissional. Algumas, com certa má fé, trazem intrinsecamente o Germe da desconfiança.