Ofidismo

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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(ref. Guia de Vigilância Epidemiológica) Acidente por animais peçonhentos.
É o principal pela freqüência e gravidade.
Agentes causais: quatro gêneros de serpentes brasileiras de importância médica: Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus [compreendendo cerca de 60 espécies].
Bothrops: B. alternatus – urutu, urutu-cruzeira e cruzeira; B. atrox – surucucurana, jararaca-do-norte, combóia, jararaca-do-rabo-branco; B. erythromelas – jararaca-da-seca; B. jararaca – jararaca, jararaca-do-rabo-branco; B. jararacuçu – jararacuçu; B. leucurus; B. moojeni – jararacão, jararaca, caiçaca; B. neuwiedi – jararaca-pintada.
Crotalus durissus – cascavel, maracambóia, boicininga.
Lachesis muta – surucucu, surucutinga, surucucu-pico-de-jaca, malha-de-fogo.
Micrurus: M. corallinus – coral, boicorá; M. frontalis – coral; M. ibiboboca – coral, ibiboboca; M. lemniscatus – coral; M. surinamensis – coral, coral aquática; M. spixii – coral.
Distribuição, Morbidade, Mortalidade e Letalidade – a distribuição sazonal dos casos, embora apresente diferenças regionais mostra, para o país como um todo, incremento no número de casos no Período de setembro a março. Sendo a maioria das notificações procedentes das regiões meridionais do país, a tendência detectada estaria relacionada, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ao Aumento da atividade humana nos trabalhos do campo (preparo da terra, plantio e colheita) e da não utilização de equipamentos mínimos de proteção individual (calçados ou vestimenta adequados). Cerca de 75% dos casos notificados são atri-buídos às ser-pentes do gênero Bothrops; 7% ao gênero Crotalus; 1,5% ao gênero Lachesis; 3% devidos às serpentes não peçonhentas e 0,5% provocados por Micrurus. Em aproximadamente 13% das notificações, não são especificados os gêneros das serpentes envolvidas nos acidentes. Cerca de 70% dos pacientes são do Sexo masculino, o que é justificado pelo Fato do homem desempenhar com mais freqüência atividades de Trabalho fora da moradia, onde os acidentes ofídicos habitualmente ocorrem. Em aproximadamente 53% das notificações, a faixa etária acometida situou-se entre 15-49 anos, que corresponde ao grupo de Idade onde se concentra a força de Trabalho. O acometimento dos segmentos pé/perna em 70%, e mão/antebraço, em 13% dos casos notificados, decorre da não utilização de equipamentos mínimos de proteção individual, tais como sapatos, botas, calças de uso comum e luvas. No Brasil são notificados anualmente cerca de 20.000 acidentes, com uma letalidade em torno de 0,43%. O Acidente crotálico tem a pior evolução, apresentando o maior Índice de letalidade. Os valores detectados para os diver-sos tipos de acidentes assim se distribuíram: Botrópico, 0,31%; Crotálico, 1,85%; Laquético, 0,95% e Elapídico, 0,36%. Em cerca de 19% dos óbitos não são informados os gêneros das serpentes envolvidas nos acidentes.
Aspectos Clínicos – as Alterações clínicas mais comumente observadas na fase aguda dos diversos tipos de Envenenamento possibilitam o Diagnóstico clínico, com boa Margem de acerto.
Acidente Botrópico: no local da picada as manifestações mais freqüentes são edema, dor, Equimose e sangramento. Alterações sistêmicas, como a incoagulabilidade sangüínea (avaliada pela determinação do tempo de coagulação), pode ser acompanhada de fenômenos hemorrágicos como gengivorragia, hematúria, sangramentos por ferimentos recentes. Oligoanúria e/ou Alterações hemodinâmicas, como Hipotensão arterial persistente e cho-que, definem os casos como graves.
Acidente Laquético: bastante semelhante ao Acidente botrópico. Além das Alterações acima referidas, têm sido descritos fenômenos de excitação vagal, clinicamente traduzidos por bradicardia, Hipotensão arterial, Diarréia e vômitos.
Acidente Crotálico: o quadro local é pouco expressivo, não há Edema ou dor, eventualmente sendo referida Parestesia local. Das manifestações sistêmicas, o quadro neuroparalítico é de apare-cimento precoce caracterizando-se por Ptose palpebral, Diplopia e Oftalmoplegia. Mialgia generalizada, acompanhada de mioglobinú-ria, se manifesta cerca de 6 a 12 horas após o acidente, podendo haver evolução para Insuficiência renal aguda, Causa maior de óbito desse grupo.
Acidente Elapídico: o quadro neuroparalítico se manifesta por Ptose palpebral, diplopia, Mialgia e dispnéia, podendo evoluir para Insuficiência respiratória aguda e óbito.
Diagnóstico Laboratorial: a determinação do Tempo de coagulação (TC) constitui-se em medida Auxiliar extremamente útil para confirmação de suspeita diagnóstica, pois muitos acidentes apresentam a incoagulabilidade sangüínea como única alteração detectável que possibilita o Diagnóstico do Envenenamento.
Notificação compulsória (Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo).
(ref. CID10) Contato com serpentes e lagartos venenosos (X20).