Coqueluche

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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(ref. Guia de Vigilância Epidemiológica) Modernamente considerada uma Síndrome (síndrome pertussis), podendo ser causada por vários agentes (Bordetella pertussis, Bordetella parapertusis, Bordetella brocheseptica e Adenovírus 1, 2, 3 e 5), entretanto, apenas a Bordetella pertussis está associada com as coqueluches endêmica e epidêmica e com o cortejo de Complicações e de mortes.
Agente Etiológico – a Bordetella pertussis é um Bacilo gram-negativo, aeróbio, não esporulado, imóvel e pequeno, provido de Cápsula (formas patogênicas) e de fímbrias.
Reservatório – o homem é o único reservatório natural de Bordetella pertussis, não tendo sido demonstrada a existência de portadores assintomáticos crônicos.
Modo de Transmissãoa Transmissão se dá, principalmente, pelo Contato direto de Pessoa doente com Pessoa suscetível, através de gotículas de Secreção da orofaringe, eliminadas por tosse, Espirro ou ao falar. Também pode ocorrer Transmissão por objetos recentemente contaminados com secreções do doente.
Período de Incubaçãoé de sete dias, em média, podendo variar entre 7 e 14 dias.
Período de Transmissibilidade – a maior transmissibilidade da Doença ocorre na fase catarral. Para efeito de controle, considera-se que o Período de Transmissão se estende de sete dias após o Contato com um doente - final do Período de Incubação - até três semanas após o início dos acessos de Tosse típicos da Doença (fase paroxística).
Suscetibilidade e Imunidadea suscetibilidade é geral. O Indivíduo torna-se resistente à Doença nas seguintes eventualidades: após adquirir a Doença - Imunidade duradoura; e após receber imunização básica com DPT - Mínimo de três doses de Vacina.
Distribuição, Morbidade, Mortalidade e Letalidade – entre populações aglomeradas, a Incidência pode ser maior em fins de inverno e começo da primavera, porém em populações dispersas a Incidência estacional é variável. Não existe uma distribuição geográfica preferencial. A aglomeração populacional facilita a Transmissão. Não existe característica individual que predisponha à Doença a não ser presença ou Ausência de Imunidade específica. A Morbidade da Coqueluche no país é muito elevada, com média de 36.173 casos notificados por ano, no Período 1981 - 1991; a partir de então vem decrescendo paulatinamente. A Mortalidade tem Estado em torno de 0.3 por 100.000 habitantes. A letalidade da Doença tem importância mais acentuada no grupo das crianças menores de seis meses, onde se concentram cerca de 50% dos óbitos por Coqueluche.
Aspectos Clínicos - a Coqueluche é uma Doença de distribuição universal. A Incidência independe da raça, clima e situação geográfica: ocorre em todo o mundo. É uma Doença infecciosa aguda e transmissível que compromete especificamente o Aparelho respiratório (traquéia e brônquios) e se caracteriza por paroxismos de Tosse seca. A Coqueluche evolui em três fases sucessivas: fase catarral - com duração de uma ou duas semanas, inicia-se com manifestações respiratórias e sintomas leves (febre um pouco intensa, mal-estar geral, coriza e Tosse seca), seguidos pela instalação gradual de surtos de tosse, cada vez mais intensos e freqüentes, até que passam a ocorrer as crises de tosses paroxísticas; fase paroxística – com duração de duas a seis semanas, apresenta como manifestação típica os paroxismos de Tosse seca, (durante os quais o Paciente não consegue inspirar e apresenta protusão da língua, Congestão facial e, eventualmente, Cianose com sensação de asfixia), finalizados por inspiração forçada, súbita e prolongada, acompanhada de um ruído característico, o guincho, seguidos de vômitos. Os episódios de Tosse paroxística aumentam a freqüência e intensidade nas duas primeiras semanas e, depois, diminuem paulatinamente. Nos intervalos dos paroxismos a Criança passa bem; fase de Convalescençaos paroxismos de Tosse desaparecem e dão lugar a episódios de Tosse comum; essa fase pode persistir durante mais algumas semanas. Infecções respiratórias de outra natureza, que se instalam durante a Convalescença da coqueluche, podem provocar reaparecimento transitório dos paroxismos.
Coqueluche em indivíduos não adequadamente vacinados: a Coqueluche nem sempre se manifesta sob a Forma clássica acima descrita. Alguns indivíduos podem apresentar formas atípicas da doença, por não estarem adequadamente imunizados (3 doses de DPT + 1 Dose de reforço).
Coqueluche em menores de 6 meses: lactentes jovens (< de 6 meses) constituem o grupo de indivíduos particularmente propensos a apresentar formas graves, muitas vezes letais, de Coqueluche. Nessas crianças, a Doença manifesta-se através de paroxismos clássicos, associados, às vezes, com episódios de Parada respiratória (asfixia), cianose, sudorese, Convulsões e vômitos intensos, exigindo hospitalização, vigilância permanente e Cuidados especializados. Pode haver importante perda de peso e Desidratação.
Complicações: as principais Complicações da Doença são: Respiratórias: pneumonia B. pertussis, pneumonia por outras etiologias, ativação de Tuberculose latente, atelectasia, broquietasia, enfisema, pneumotórax, ruptura de diafragma, Otite média e Apnéia. Neurológicas: Encefalopatia aguda, convulsões, coma, hemorragias intra-cerebrais, Hemorragia sub-dural, Estrabismo e surdez. Outras: hemorragias sub-conjuntivais, epistaxe, Edema da face, Úlcera do frênulo lingual, hérnias (umbilicais, ingüinais e diafragmáticas), conjuntivite, Desidratação e/ou Desnutrição (devido a vômitos freqüentes pós-crise).
Notificação compulsória (Fundação Nacional de Saúde).
(ref. CID10) Coqueluche, (A37)
Coqueluche por Bordetella pertussis, (A37.0)
Coqueluche por Bordetella parapertussis, (A37.1)
Coqueluche por outras espécies da Bordetella, (A37.8)
Coqueluche não especificada, (A37.9)
Pneumonia devida a coqueluche, (J17.0 e A37.-).