Bovero, Alfonso

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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Veio para São Paulo em 1914 a convite de Arnaldo Vieira de Carvalho, a fim de integrar o Corpo Docente da recém fundada Faculdade de Medicina e Cirurgia, hoje Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Fez seu curso médico em Turim, onde estudou Morfologia com Giacomini e Fusari, depois embriologia com Hertwig e, Anatomia com Waldeyer, na Alemanha. Percorreu por Concurso os degraus universitários: livre docência e cátedra, esta em Cagliari. Entre seus títulos, além das trinta e cinco pesquisas, estava um prêmio da Academia de Medicina de Turim. Personalidade marcante, trabalhador ingente, fisionomia severa, certa aspereza no trato, mas Coração cheio de sentimento. Professor de excepcional valor. Ressaltava a importância do Trabalho prático e considerava a Dissecção como a melhor maneira de aprender Anatomia lendo no cadáver, o mais perfeito e inigualável livro sobre a Construção do corpo humano. Em seu acurado conceito de universidade, deixava clara a relevância da pesquisa e do desenvolvimento sobre seu papel no ensino. Bovero empenhou-se na investigação científica com dedicação e grande interesse, vendo no país oportunidades privilegiadas pela heterogeneidade de sua população e deu Impulso às idéias de Giacomini que acreditava na diversidade morfológica dos indivíduos de grupos étnicos diferentes. Entre seus trabalhos está a presença de Cartilagem na Prega semilunar da conjuntiva do negro; e na linha de pesquisa, de sua Escola, está o de Renato Locchi sobre a Implantação do Apêndice vermiforme no cego do negro, que, por ser mais ampla que no branco, explica a baixa freqüência de Apendicite aguda nesse Grupo étnico. Para salientar ainda sua visão de longo alcance, a coleção de línguas e laringes, identificada e catalogada por ele ao longo dos anos, atingiu a elevada cifra de mil e quinhentas peças e permitiu a um dos assistentes do Departamento a publicar, em 1950, o estudo étnico da musculatura em 200 laringes, sendo 25 de amarelos, 89 de brancos, todos europeus, e 86 de mestiços. Alertava seus discípulos para o cuidado com a pesquisa bibliográfica, no Sentido de evitar erros e não descobrir o que já era conhecido, e assim não abrir uma porta aberta. Bovero fez Escola e, para conseguir orientar muitos trabalhos concomitantemente, usava como paradigma uma publicação alemã, onde a metodologia era rigorosa e sugeria sua reprodução no negro brasileiro. A bibliografia estava pronta, o método descrito e as diferenças seriam facilmente evidenciáveis. Inteligente Estratégia para ensinar a pesquisa e gerar conhecimento de alto nível. Tudo isso seria em vão se não fossem suas virtudes morais. Tinham o mais profundo respeito à propriedade intelectual alheia. Bovero mantinha grande intercâmbio científico com os autores europeus e era freqüentemente citado na bibliografia internacional. Em 9 de abril de 1937, faleceu em sua terra natal.