Teníase/Cisticercose

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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(ref. Guia de Vigilância Epidemiológica) O Complexo Teníase/Cisticercose constitui-se de duas entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie de cestódio, em fases diferentes do seu Ciclo de vida. A teníase é provocada pela presença da Forma adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata, no Intestino delgado do homem. A Cisticercose é uma entidade clínica provocada pela presença da Forma larvária nos tecidos de suínos, bovinos ou do homem.
Agente Etiológico: Taenia solium e a Taenia saginata pertencem à classe Cestoidea, ordem Cyclophillidea, família Taenidae e gênero Taenia. Na Forma larvária (Cysticercus cellulosae _ T. solium e Cysticercus bovis _ T. saginata) causam a teníase. Na Forma de ovo a Taenia saginata desenvolve a Cisticercose no bovino, e a Taenia solium no suíno ou no homem.
Reservatório e Fonte de Infecção: o homem é o único Hospedeiro definitivo da Forma adulta da Taenia solium e da Taenia saginata. O suíno ou o bovino são os hospedeiros intermediários (por apresentarem a Forma larvária nos seus tecidos).
Modo de Transmissão: o homem que tem teníase, ao evacuar a céu aberto, contamina o meio Ambiente com ovos eliminados nas fezes, o suíno ou o bovino ao ingerirem fezes humanas (direta ou indiretamente), contendo ovos de Taenia solium ou Taenia saginata, adquirem a Cisticercose. Ao alimentar-se com carne suína ou bovina, mal cozida, contendo cisticercos, o homem adquire a teníase. A Cisticercose humana é transmitida através das mãos, da Água e de alimentos contaminados com ovos de Taenia solium.
Período de Incubação: o Período de Incubação para a Cisticercose humana pode variar de 15 dias a muitos anos após a Infecção. Para a teníase, após a ingestão da larva, em aproximadamente três meses, já se tem o Parasita Adulto no Intestino delgado humano.
Período de Transmissibilidade: os ovos de Taenia solium e de Taenia saginata podem permanecer viáveis por vários meses no meio ambiente, principalmente em presença de umidade.
Susceptibilidade e Imunidade: a susceptibilidade é geral. Tem-se observado que a presença de uma espécie de Taenia garante certa imunidade, pois dificilmente um Indivíduo apresenta mais de um exemplar da mesma espécie no seu Intestino; porém não existem muitos estudos abordando este aspecto da Infestação.
Distribuição, Morbidade, Mortalidade e Letalidade: a América Latina tem sido apontada por vários autores como Área de Prevalência elevada. Schenone et al (1982) relataram a existência de neurocisticercose em 18 países latino-americanos, com uma estimativa de 350.000 pacientes. A situação da Cisticercose suína nas Américas não está bem documentada. O abate clandestino de suínos, sem Inspeção e Controle sanitário, é muito elevado na maioria dos países da América Latina e Caribe, sendo a Causa fundamental a falta de Notificação (OPS - 1994). No Brasil, a Cisticercose tem sido cada vez mais diagnosticada, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, tanto em serviços de Neurologia e Neurocirurgia quanto em estudos anatomopatológicos (Pupo et al - 1945/46; Brotto - 1947; Spina-França - 1956; Canelas - 1962; Lima - 1966; Takayanagui - 1980, 1987; Vianna et al - 1986, 1990; Arruda et al - 1990; Silva - 1993; Silva et - 1994; Agapejev - 1994; Tavares - 1994; Costa-Cruz et al - 1995). A baixa ocorrência de Cisticercose em algumas áreas do Brasil, como por exemplo nas regiões Norte e Nordeste, pode ser explicada pela falta de Notificação ou porque o Tratamento realizado em grandes centros, como São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, dificultam a Identificação da Procedência do local da Infecção. Segundo dados da Fundação Nacional de Saúde/Centro Nacional de Epidemiologia (FNS/CENEPI 1993), o Brasil registrou um total de 937 óbitos por Cisticercose no Período de 1980 a 1989. Até o momento não existem dados disponíveis para que se possa definir a letalidade do Agravo.
Aspectos Clínicos: o Complexo Teníase/Cisticercose é uma zoonose e manifesta-se no homem sob duas formas clínicas: Parasitose intestinal - Teníase: Causa retardo no Crescimento e no desenvolvimento das crianças, e baixa produtividade no Adulto. A Sintomatologia mais freqüente são dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência, Diarréia ou Constipação. O prognóstico, é bom. Excepcionalmente é Causa de Complicações cirúrgicas, resultantes do tamanho do Parasita ou de sua penetração em estruturas do Aparelho digestivo tais como apêndice, colédoco e Ducto pancreático. Parasitose extra-intestinal - Cisticercose: Infecção causada pela Forma larvária da Taenia solium cujas manifestações clínicas estão na Dependência da localização, Tipo morfológico, número e fase de desenvolvimento dos cisticercos e da resposta imunológica do Hospedeiro. Da conjunção destes fatores resulta um quadro pleomórfico, com uma multiplicidade de sinais e sintomas neurológicos (Trelles & Lazarte - 1940; Pupo et al - 1945/46; Brotto - 1947; De la Riva - 1957; Canelas - 1962; Lima - 1966; Takayanagui - 1980; 1987), inexistindo um quadro Patognomônico. A localização no Sistema nervoso Central é a Forma mais grave desta zoonose, podendo existir também nas formas oftálmica, subcutânea e muscular (como o Tecido cardíaco). As manifestações clínicas variam desde a simples presença de cisticerco subcutâneo até graves distúrbios neuropsiquiátricos (convulsões epileptiformes, Hipertensão intracraniana, quadros psiquiátricos como Demência ou loucura), com seqüelas graves e óbito.