Convênios médicos

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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Os Convênios médicos não são invenção do século XX, como se imagina. Nos anos 1300 o médico Bernat de Berriac recolhia 20 sous (moeda antiga oriunda dos tempos romanos) por ano de dezenas de pessoas da classe média de Castelló d’Empuries, pequena cidade da Catalunha, hoje Espanha. Vantajosamente em relação aos convênios de nossos tempos, o de Berriac dava Direito à extração de Dentes... Os “convênios” iniciados por Berriac alastraram-se aos poucos por toda a Europa; alguns davam Direito também ao acesso a barbeiros (dentistas da época) e Farmacêuticos (profissão que se tornou respeitável depois de aperfeiçoada pelo médico suiço Theophrastus Bombastus von Hoheinheim, o famoso Paracelsus). Muito sabiamente, os conveniados de então exigiam que os Médicos demonstrassem patentemente que sabiam mais do que eles, pacientes, sobre suas enfermidades. Talvez seja salutar reimplantar essa exigência nos contratos dos atuais convênios. Diz-se que alguns dos grandes fabricantes de cigarros americanos são também proprietários de grandes companhias de seguro-saúde e que seus segurados que fumam pagam o dobro da contribuição mensal (muito sábia essa exigência dos fabricantes). Após a útil invenção de Bernat de Berriac, em pouco tempo a realeza e o clero tornaram-se os melhores clientes dos convênios, freqüentemente vitalícios em vez de renováveis, como são atualmente. Em algumas cidades uns poucos Médicos reuniam-se em pequenos grupos e davam Assistência a pessoas pobres em troca de pagamentos modestos. Os prefeitos de alguns vilarejos contratavam um médico para tratar de pessoas sem recursos, um autêntico precursor do que chamamos hoje serviço público de Assistência médica, o qual incluía a profilaxia de algumas doenças. O médico Abraham de Castlar, contratado em 1316 pelo Administrador da cidade de Castelló d’Empuries, prometia: “Eu examinarei todas as urinas que me forem trazidas pelos cidadãos, aos quais também darei assessoria para sangrias e dietas e de modo geral sobre seus modos de vida; visitarei duas ou três vezes todos os enfermos da cidade que me pedirem assistência” (Medicine Before the Plague, Michael R. McVaugh, Cambridge University Press 1994). César Timo-Iaria