Tabagismo

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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Atualmente morrem por ano no mundo três milhões de fumantes em conseqüência das doenças que o Tabaco provoca, dos quais estimam-se 80 a 100 mil no Brasil e quinze mil no Estado de São Paulo. O Tabagismo passou a ser reconhecido como Hábito perigoso no início de 1974, conforme Trabalho de Meired Schar, um famoso especialista em Medicina Preventiva de Zurique, Suiça. O seu relato “Os perigosos efeitos do Fumo em adolescentes e adultos” inclui a seguinte afirmação: ‘os resultados da pesquisa indicam claramente que o Fumo tem efeitos deletérios à saúde’. De acordo com um editorial da “Mayo Clinic Proceedings” ‘estimam-se que 390.000 mortes prematuras por ano são atribuíveis ao uso do Cigarro nos Estados Unidos’ No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, existem 30,6 milhões de fumantes na população maior de 5 anos, o que corresponde a 32,6% da população dessa faixa etária, sendo 18,1 milhões de homens e 12,5 milhões de mulheres. São muitas as razões para se esquecer o Cigarro ou, talvez, até mesmo para nem se ter a curiosidade de experimentá-lo. O Hábito de fumar geralmente está ligado a problemas emocionais que, por mecanismos complexos, podem levar à Dependência física e psíquica. Com a Dependência física - cuja denominação mais adequada seria Dependência funcional ou orgânica - o Indivíduo sente falta de cigarro, como ocorre na Dependência a uma Droga. Com a Dependência psíquica, o Indivíduo fica condicionado ao hábito, como no Caso do cafezinho que lembra o Cigarro ou do Alimento que produz salivação. Estudos voltados para a caracterização do Hábito de fumar identificam fatores psicológicos que, isolados ou combinados entre si, interferem na Dependência psicológica do Tabaco. Considerando esses fatores, são descritos seis tipos de Dependência psicológica: redutor de tensão - quando o Cigarro é usado para obter um efeito sedativo ou tranqüilizador em momentos de estresse, medo, vergonha, desconforto ou pressões psicológicas; trata-se, portanto, de uma intolerância a tensões psíquicas e implica no uso do Cigarro como uma Forma de suportá-las; Adição psicológica - quando há uma Dependência total do uso do cigarro, que deve ser constante, tanto em situações percebidas como negativas quanto positivas; estimulação - quando o Cigarro é usado como estimulante para se manter envolvido nas atividades diárias através do Aumento da Capacidade intelectual e do Controle de impulsos; Manipulação - quando o prazer no uso do Cigarro está ligado à sua manipulação, ao ritual que envolve o fumar (acender o cigarro, olhar a sua fumaça, bater a cinza no cinzeiro...); Hábito - o uso do Cigarro é um gesto automático, que não está necessariamente ligado à obtenção de satisfação e que não envolve uma Consciência da Motivação; a Pessoa fuma sem mesmo ter Consciência de estar acendendo um Cigarro. São os famosos gatilhos como tomar café, dirigir, falar ao telefone, ler jornal, assistir televisão, tomar cerveja, etc.; prazer - o Cigarro é utilizado para acentuar estados de prazer, acompanhando a sensação de bem-estar. O fumante pode apresentar mais de um Tipo de Dependência simultaneamente. De acordo com os critérios desenvolvidos pelo Mayo Nicotine Dependence Center, para desenvolver um plano de Tratamento apropriado é necessária a Avaliação individual do nível de Abstinência e pontos fortes e fracos que podem afetar a Abstinência e sua manutenção. A queima do Tabaco resulta na produção de substâncias muito nocivas. Entre elas a Nicotina e o Monóxido de carbono são os maiores responsáveis pelos danos causados ao organismo. A nicotina, responsável pela Dependência física, eleva a Pressão arterial, aumenta a freqüência cardíaca e Causa vasoconstrição que, diminuindo o calibre das artérias, prejudica a irrigação dos tecidos. A repetição freqüente desse Fato agrava progressivamente o quadro hipertensivo e prejudica a Circulação nos Órgãos vitais. Um ponto importante é o desenvolvimento da Tolerância. A Tolerância é geralmente definida como um Estado no qual doses cada vez maiores são necessárias para se conseguir efeitos observados com a primeira Dose. Os fumantes sabem que se desenvolve a Tolerância a alguns dos efeitos do Fumo. O primeiro Cigarro que um adolescente fuma, comumente produz tontura, náuseas e vômito, efeitos estes aos quais o fumante se torna rapidamente tolerante. Embora os fumantes dêem explicações diferentes para o seu hábito, a maioria concorda que o Tabaco produz excitação, particularmente com os primeiros cigarros fumados no dia, e relaxamento, principalmente em situações estressantes. Muitos fumantes acreditam que melhora a concentração e o Humor. Alguns estudos foram realizados sobre os efeitos do Fumo ou da administração de Nicotina no Comportamento de fumantes abstinentes. Demonstrou-se melhora na atenção, no aprendizado, no tempo de reação e na resolução de problemas. A Nicotina também demonstrou melhorar a vigilância na realização de tarefas repetitivas e melhorou a Atenção seletiva. Os fumantes geralmente relatam prazer e diminuição da irritabilidade, tensão, e do humor, após fumar, devidos provavelmente ao alívio dos sintomas de abstinência, ou a um efeito intrínseco no Cérebro. Estes aspectos estão diretamente envolvidos no desenvolvimento da Dependência física da Nicotina. O monóxido de carbono, decorrente da combustão de substâncias orgânicas, ocupa nos glóbulos vermelhos o espaço do Oxigênio e assim, diminui a Capacidade da Hemácia de transportar este elemento vital para os tecidos, causando a hipóxia, ou seja, falta de oxigenação nos tecidos. Além disso, lesa a Parede da artéria, facilitando a formação de placas de ateroma, ou seja, acelerando a Arteriosclerose. Observa-se também que aumenta a viscosidade sangüínea levando à maior tendência à agregação plaquetária e conseqüentemente à formação de Trombose. Todas essas Alterações se manifestam pelo Acidente Vascular cerebral (derrame), Infarto do coração, Trombose arterial, Gangrena ou Aneurisma.Os demais componentes da queima do Cigarro são responsáveis por 75% dos problemas pulmonares, pois irritam as vias respiratórias e aumentam a Secreção do muco, causando Bronquite crônica, responsável por aquela Tosse característica do fumante. Em estágio mais avançado, o pulmão é destruído e ocorre o Enfisema pulmonar: a rotura irreversível dos alvéolos leva à falta de ar do doente, o que chega a limitar sua Atividade física. Se o Indivíduo nesse Estado continua fumando, a destruição do pulmão é ainda maior e haverá falta de ar mesmo que esteja em Repouso. O Fumo é o Agente etiológico mais importante na Bronquite crônica e Enfisema pulmonar, havendo necessidade de muitos anos do uso do Cigarro para que os primeiros sintomas apareçam: daí o Fato da maior Incidência dessa Doença no Adulto. Algumas substâncias que aparecem com a queima do Cigarro provocam Mutação das células da Mucosa dos brônquios. O Cigarro também é responsável pelo Câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, pâncreas, próstata, bexiga, Colo do Útero e até da Leucemia. Tudo isso sem falar nos efeitos estéticos desastrosos, já que a fumaça aumenta a formação de rugas e o Alcatrão escurece os Dentes. Parar de fumar: A Avaliação da Motivação e do estágio de prontidão para Abstinência desenvolvida por Di Clemente e col., adaptada pelo MNDC propõe sua Classificação conforme 4 estágios: pré-contemplativo - o Paciente faz uso corrente de Tabaco e não está motivado a mudar seu Comportamento; contemplativo - o Paciente faz uso corrente de Tabaco e está motivado a parar mas não definiu uma data no prazo máximo de 1 mês após a Avaliação; ação - o Paciente tem uma data e um plano para parar de fumar que já foi ou será executado 1 mês antes ou 1 mês após o momento da Avaliação; manutenção - o Paciente faz uso descontínuo de Tabaco há 1 mês e não fez seu uso numa Base de regularidade diária durante este tempo. A Pessoa está ativamente envolvida no Processo de prevenir recaídas.
Sugestões para deixar de fumar: 1. Marcar uma data e parar completamente nesse dia; 2. Contar a todos que parou de fumar - isto dá suporte e coragem ao se sentir tentado a acender um Cigarro; 3. Encarar cada dia como um novo desafio. O começo de um dia representa o início de uma barreira a se ultrapassada. Mais um dia sem fumar é mais uma etapa vencida; 4. Identificar os momentos do dia em que o desejo pelo Cigarro é mais acentuado, e ocupar as mãos durante estes momentos com alguma outra coisa: brincar com lápis, costurar, manipular bolas de borracha, etc.; 5. Colocar no cinzeiro da casa o montante de dinheiro que gastaria com maços de Cigarro; 6. Pensar positivamente - admitir ser um não fumante. Quando um Cigarro for oferecido deve-se dizer: “Não, obrigado. Eu não fumo”; 7. Controlar o Impulso e a vontade de dar uma tragada pensando em como já foi difícil parar de fumar e como esse desejo já foi superado a contento em ocasiões anteriores. Continuar tentando é muito importante e não desanimar se não conseguiu parar na primeira tentativa; 8. Praticar exercícios Físicos após orientação médica. Tentar substituir o Vício pelo prazer de andar, pedalar ou nadar; 9. Orientar-se com um médico quanto a alternativas no auxílio da Dependência física; 10. Não existe milagre, o mais importante é a força de vontade.
Cigarro e peso: A diminuição de peso corpóreo do tabagista não representa vantagem, pois o estudo de Framinghan provou que nos fumantes o menor peso não impede a elevação da Pressão arterial e do Colesterol no sangue, que permanece acima dos níveis apresentados pelos que deixam de fumar e não se preocupam com o Aumento de peso. O emagrecimento alardeado pelos fumantes não traz vantagens, pois não lhes garante vida mais longa.