Poliomielite
(ref. Guia de Vigilância Epidemiológica) A Poliomielite ou Paralisia infantil é uma Doença infecto-contagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro clássico de Paralisia flácida de início súbito. O déficit motor instala-se subitamente e a evolução desta manifestação freqüentemente não ultrapassa três dias. Acomete em geral os membros inferiores, de Forma assimétrica, tendo como principais características: flacidez muscular, com Sensibilidade conservada e Arreflexia no Segmento atingido. A Doença foi de alta Incidência no país em anos anteriores, deixando centenas de deficientes Físicos por ano. Hoje, encontra-se erradicada no Brasil em virtude das ações de imunização e vigilância epidemiológica, desenvolvidas desde 1980 até 1994, quando o país recebeu o Certificado de Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem nas Américas.
A partir de então, o país assumiu o compromisso de manter altas coberturas vacinais, de Forma homogênea e uma vigilância epidemiológica ativa, capaz de identificar imediatamente a reintrodução do poliovírus e adotar medidas de Controle capazes de impedir a sua disseminação.
Agente Etiológico: os poliovírus pertencem ao gênero Enterovírus da família Picornaviridae e apresentam três sorotipos: I, II e III.
Reservatório: o homem.
Modo de Transmissão: a Transmissão ocorre principalmente por Contato direto Pessoa a Pessoa. A Boca é a porta de entrada do poliovírus, fazendo-se a Transmissão pelas vias fecal-oral ou oral-oral, esta última através de gotículas de muco do Orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar). As más condições habitacionais, a Higiene pessoal precária e o elevado número de crianças numa mesma Habitação constituem fatores que favorecem a Transmissão do poliovírus.
Período de Incubação: o Período de Incubação é geralmente de 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30 dias.
Período de Transmissibilidade: o Período de transmissibilidade pode iniciar antes do surgimento das manifestações clínicas. Em indivíduos suscetíveis a Eliminação do vírus se faz pelo Orofaringe por um Período de cerca de uma semana, e pelas fezes por cerca de seis semanas, enquanto que, nos indivíduos reinfectados, a Eliminação do vírus se faz por períodos mais reduzidos.
Suscetibilidade e Imunidade: todas as pessoas não imunizadas são suscetíveis de contrair a Doença. A Infecção natural ou a vacinação conferem Imunidade duradoura ao Tipo específico de poliovírus responsável pelo estímulo. Embora não desenvolvendo a doença, as pessoas imunes podem reinfectar-se e eliminar o poliovírus ainda que em menor quantidade e por um Período menor de tempo.
Distribuição, Morbidade, Mortalidade e Letalidade: em países de clima temperado, verifica-se maior Incidência no verão e Princípio do outono. Nos países de clima tropical, a distribuição dos casos é uniforme durante todo o ano. A Transmissão é potencialmente mais intensa em áreas urbanas densamente povoadas, mas também ocorre em áreas rurais. O grupo mais atingido em áreas endêmicas é o de menores de cinco anos. No entanto, o Aumento da Idade predispõe ao Aumento da proporção de casos com Forma paralítica. A partir de 1975, com a sistematização das ações de vigilância epidemiológica, foi possível conhecer as características da Poliomielite no Brasil. Até 1980 , devido às baixas coberturas vacinais observadas naquele período, o país apresentava alta Incidência da Doença (média de 2.300 casos por ano). A partir de 1980, com a instituição dos dias nacionais de vacinação e a implementação de outras ações de controle, mudou o panorama da Doença. O número de casos confirmados caiu acentuadamente desde então, atingindo uma cifra de 45 casos notificados, em 1983. A Mortalidade apresentava a mesma tendência, enquanto a letalidade média, no país, situava-se em torno de 14%. Em 1986, ocorreu uma Epidemia de Poliomielite por poliovírus Tipo 3 na Região Nordeste, inicialmente atribuída à Queda das coberturas vacinais. As investigações revelaram que o principal fator determinante era a baixa Imunogenicidade do componente Tipo 3 da Vacina oral contra a poliomielite, que era utilizada naquela época. O número de partículas virais do pólio Tipo 3 vacinal foi aumentado, com conseqüente elevação da Eficácia da Vacina. A partir daquele ano, com o compromisso de erradicar a Transmissão autóctone do poliovírus selvagem no país, foram implementadas medidas que tornaram o Sistema de vigilância epidemiológica mais sensível, permitindo desencadear medidas de Controle mais eficazes. O último Isolamento de poliovírus selvagem no país ocorreu em março de 1989.
Aspectos Clínicos: a Poliomielite ou Paralisia infantil é uma Doença infecto-contagiosa aguda, cujas manifestações clínicas devidas à Infecção pelo poliovírus são muito variáveis, indo desde infecções inaparentes (90 a 95%) até quadros de Paralisia severa (1 a 1,6%), levando à Morte. Apenas as formas paralíticas possuem características típicas, que permitem sugerir o Diagnóstico de poliomielite, quais sejam: instalação súbita da Deficiência motora, acompanhada de Febre; assimetria, acometendo sobretudo a musculatura dos membros, com mais freqüência os inferiores; flacidez muscular, com diminuição ou abolição de reflexos profundos na Área paralisada; Sensibilidade conservada; e Persistência de alguma Paralisia residual (seqüela) após 60 dias do início da Doença.
Notificação compulsória (Fundação Nacional de Saúde).