Esquistossomose mansônica

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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(ref. Guia de Vigilância Epidemiológica) Endemia importante no Brasil, causada por parasito trematódeo digenético (Schistosoma mansoni), que requer caramujos de Água doce, parada ou com pouca correnteza, como hospedeiros intermediários para completar o seu Ciclo de desenvolvimento. A magnitude de sua Prevalência e a severidade das formas clínicas complicadas conferem à Esquistossomose uma grande transcendência. No entanto, é uma Endemia de fácil manejo e controlável, com grau de vulnerabilidade satisfatório para as ações de Saúde pública.
Agente Etiológico: o Agente etiológico é o Schistosoma mansoni, trematódeo, da família Schistosomatidae, gênero Schistosoma, cuja principal característica é o seu Dimorfismo sexual quando Adulto.
Reservatório: o homem é o reservatório principal. Roedores, primatas, marsupiais são experimentalmente infectados pelo S.mansoni, o camundongo e o hamster são excelentes hospedeiros. No Brasil, foram encontrados naturalmente infectados alguns roedores, marsupiais, carnívoros silvestres e ruminantes. Ainda não está bem definida a participação desses animais na Transmissão da Doença.
Hospedeiros Intermediários: a Transmissão da Doença numa região depende da existência dos hospedeiros intermediários que, no Brasil, são caramujos do gênero Biomphalaria. A B. glabrata é o vetor mais importante. Sua distribuição abrange os estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. A B. tenagophila é freqüentemente sulina, sua distribuição atinge os estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe. A B. straminea tem distribuição mais extensa, e está presente em todos os sistemas de Drenagem do território brasileiro, sendo a espécie importante na Transmissão da Esquistossomose no Nordeste do Brasil. Ocorre nos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Modo de Transmissão: os ovos do S. mansoni são eliminados pelas fezes do Hospedeiro infectado (homem). Na água, estes eclodem, liberando uma Larva ciliada denominada miracídio, a qual infecta o caramujo. Após 4 a 6 semanas, abandonam o caramujo, na Forma de Cercária que ficam livres nas águas naturais. O Contato humano com águas infectadas pelas cercárias é a maneira pela qual o Indivíduo adquire a Esquistossomose.
Período de Incubação: em média, de 2 a 6 semanas após a Infecção.
Período de Transmissibilidade: a partir de 5 semanas, após a infecção, o homem pode eliminar ovos de S. mansoni viáveis nas fezes, permanecendo assim por muitos anos.
Suscetibilidade e Imunidade: a suscetibilidade humana é universal. A Imunidade absoluta é desconhecida; no entanto, a diminuição da intensidade e da Incidência observadas em idosos residentes em áreas endêmicas tem sido atribuída ao desenvolvimento de Resistência contra o Agente. Apesar disto, o desenvolvimento de Imunidade como conseqüência à Infecção ainda não está bem definida.
Aspectos Clínicos: A maioria das pessoas infectadas podem permanecer assintomáticas dependendo da intensidade da Infecção; a Sintomatologia clínica corresponde ao estágio de desenvolvimento do parasito no hospedeiro, podendo ser dividida em: Dermatite cercariana - corresponde à fase de penetração das larvas (cercárias) através da Pele. Varia desde quadro assintomático até a apresentação de quadro clínico de Dermatite urticariforme, com erupção papular, eritema, Edema e prurido, podendo durar até 05 dias após a Infecção.
Esquistossomose Aguda ou Febre de Katayama - após 3 a 7 semanas de exposição pode aparecer quadro caracterizado por febre, anorexia, dor abdominal e Cefaléia. Com menor freqüência, o Paciente pode referir diarréia, náuseas, vômitos, Tosse seca. Ao exame físico pode ser encontrado hepato-esplenomegalia. Laboratorialmente, o achado da Eosinofilia elevada é bastante sugestivo quando associado a dados epidemiológicos.
Esquistossomose Crônica - esta fase inicia-se a partir dos 06 meses após a infecção, podendo durar vários anos. Nela, podem surgir os sinais de progressão da Doença para diversos órgãos, podendo atingir graus extremos de severidade como: Hipertensão pulmonar e portal, ascite, ruptura de Varizes do Esôfago. As manifestações clínicas variam, dependendo da localização e intensidade do parasitismo, da Capacidade de resposta do Indivíduo ou do Tratamento instituído. Apresenta-se por qualquer das seguintes formas: Tipo I ou Forma Intestinal - caracteriza-se por diarréias repetidas que podem ser muco-sangüinolentas, com dor ou desconforto abdominal. Porém, pode apresentar-se assintomática. Tipo II ou Forma Hepatointestinal - caracterizada pela presença de diarréias e Epigastralgia. Ao exame físico, o Paciente apresenta hepatomegalia, podendo-se notar, à palpação, nodulações que correspondem a áreas de Fibrose decorrentes de granulomatose peri-portal ou Fibrose de Symmers, nas fases mais avançadas dessa Forma clínica. Tipo III ou Forma Hepatoesplênica Compensada – caracterizada pela presença de hepato-esplenomegalia. As lesões perivasculares intra-hepáticas são em quantidade suficiente para gerar transtornos na Circulação portal, com certo grau de Hipertensão que provoca Congestão passiva do Baço. Nessa fase inicia-se a formação de Circulação colateral e de Varizes do esôfago, com o Comprometimento do Estado geral do Paciente. Tipo IV ou Forma Hepatoesplênica Descompensada - inclui as formas mais graves de Esquistossomose mansônica, responsáveis pelo obituário por essa Causa específica. Caracteriza-se por Fígado volumoso ou já contraído pela Fibrose perivascular, Esplenomegalia avantajada, ascite, Circulação colateral, Varizes do esôfago, hematêmese, Anemia acentuada, Desnutrição e quadro de Hiperesplenismo. Podem ser consideradas ainda, como formas particulares, as formas pulmonar e cárdio-pulmonar, verificadas em estágios avançados da Doença. Predomina uma arteriolite obstrutiva, que ocasiona Cor pulmonale crônica, Insuficiência cardíaca direita e perturbações respiratórias severas. Outra Forma importante a ser considerada é a neuroesquistossomose.
Diagnóstico Diferencial: a Forma intestinal pode ser confundida com amebíase, gastroenterite, ou outras causas de Diarréia. As formas mais graves devem ser diferenciadas de: Leishmaniose visceral; Febre tifóide; Linfoma; e Hepatoma.
Notificação compulsória (Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo).
(ref. CID10) Esquistossomose, (B65)
Cálculo urinário na Esquistossomose [bilharziose] [schistosomíase], (N22.0 e B65.-)
Doença cardíaca pulmonar na esquistossomose, (I52.1 e B65.-)
Esquistossomose asiática, (B65.2)
Esquistossomose devida ao Schistosoma haematobium [esquistossomose urinária], (B65.0)
Esquistossomose devida ao Schistosoma japonicum, (B65.2)
Esquistossomose devida ao Schistosoma mansoni [esquistossomose intestinal], (B65.1)
Esquistossomose hepatoesplênica, (K77.0 e B65.-)
Esquistossomose intestinal, (B65.1)
Esquistossomose não especificada, (B65.9)
Esquistossomose urinária, (B65.0)
Hipertensão portal na esquistossomose, (K77.0 e B65.-)
Miosite na Esquistossomose [bilharziose] [schistosomiase], (M63.1 e B65.-)
Pneumonia na esquistossomose, (J17.3 e B65.-)
Transtorno da Bexiga na Esquistossomose [bilharziose] [schistosomíase], (N33.8 e B65.-)
Transtornos do rim e do Ureter na Esquistossomose [bilharziose] [schistosomíase], (N29.1 e B65.-)
Transtornos glomerulares por Esquistossomose [bilharziose] [schistosomíase], (N08.0 e B65.-)
Varizes esofágianas na esquistossomose, (I98.2 e B65.-). Ver: Bilharziose